
As Hipoglicemias
O que são?
Em condições normais, o organismo mantém a concentração de açúcar no sangue dentro de uma margem bastante estreita (entre 70 a 110 mg/dl).
Na Diabetes Tipo 1, os valores de açúcar no sangue, são uma preocupação constante e que obrigam a um controle bastante apertado sobre a glicémia. A gestão entre as dosagens de insulina e a quantidade de hidratos de carbono ingerida permitem ao organismo manter as suas funções normais, desde que os valores de açúcar no sangue não desçam abaixo dos valores mínimos. A hipoglicemia acontece quando os níveis de glucose no sangue descem abaixo dos 70 mg/dl. Os valores baixos de açúcar no sangue levam ao incorreto funcionamento do cérebro por falta de energia, podendo levar o organismo a parar todo o seu funcionamento e, em situações extremas, ao coma.
Quais as causas da Hipoglicemia?
A hipoglicemia pode ser provocada por erros na alimentação, como passar várias horas sem comer ou ingerir quantidades insuficientes de hidratos de carbono; erros na administração de medicação oral ou excesso de insulina; exercício físico não programado ou sem suporte alimentar antes e depois e consumo de álcool em excesso e/ou fora das refeições.
Quanto aos sintomas da hipoglicemia, é importante referir que apenas alguns destes podem estar presentes consoante a gravidade da hipoglicemia, podendo variar de pessoa para pessoa.
Os sintomas a ter em atenção são o suor excessivo, tonturas, tremores, fraqueza, palidez, fome, dificuldade na concentração, irritabilidade, agressividade, alteração da consciência / desmaio, podendo chegar ao coma.
Como Tratar a Hipoglicemia?
Quando surgem sintomas de hipoglicemia a primeira coisa a fazer é uma análise de glicémia.
Hipoglicemia Moderada
Se tem efetivamente os valores de glicémia abaixo dos 70 mg/dl deve seguir os seguintes passos:
Ingerir 10 a 15 gramas de glucose de ação rápida.
Repetir pesquisa de glicémia 10 minutos após a ingestão da glucose.
Se os valores ainda não estão dentro dos valores normais deve repetir o primeiro passo até estabilizar a glicémia.
Após a estabilização, dentro de 10 a 15 minutos deve fazer uma refeição rica em hidratos de carbono de absorção lenta, como pão, massas, bolachas de água e sal ou tostas.
Hipoglicemia Grave
Nesta situação, se a pessoa está agitada, com alteração do estado de consciência ou mesmo inconsciente, a ajuda tem de vir de terceiros:
Deitar o paciente de lado.
Colocar no interior da bochecha cerca de uma colher de chá de GlucoGel.
Administrar Glucagon (1 mg) por via intramuscular ou subcutânea.
Contactar o INEM (112) e expor de forma clara a situação e a sua gravidade.
O Índice Glicémico
O que é?
O índice glicémico (IG) classifica os alimentos que contêm hidratos de carbono (HC) de acordo com sua capacidade de elevar os níveis de glucose no sangue (glicémia) após a ingestão.
Comparando o efeito de uma quantidade fixa de HC proveniente do alimento a testar com a mesma quantidade de HC proveniente do alimento padrão (preferencialmente a glucose), os alimentos são classificados segundo uma escala de 0 a 100, em três categorias: IG baixo: 55 ou menos; IG médio: entre 56 e 69; e IG elevado: 70 ou mais.
Os alimentos com valores de IG mais elevados contêm HC digeridos e absorvidos mais rapidamente, causando um rápido e elevado aumento nos níveis de glucose no sangue, enquanto os alimentos com valores de IG mais baixos contêm HC digeridos e absorvidos mais lentamente, causando um aumento gradual e relativamente baixo nos níveis de glucose no sangue.
A tabela seguinte apresenta a classificação de alguns alimentos baseada no IG (Em comparação com o alimento padrão - IG da glicose = 100).
Segundo a Dr.ª Maria João Afonso, Nutricionista do Departamento de Nutrição da APDP, “Substituir alimentos de IG elevado, por alimentos de IG baixo ou médio, pode reduzir a hiperglicemia após as refeições e assim melhorar o controlo glicémico em pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2.
Cuidados na Interpretação e Utilização do IG
1. Os alimentos com IG baixo nem sempre são mais saudáveis. Alguns podem ser ricos em gordura (lípidos) e calorias podendo contribuir para o aumento de peso (por exemplo, chocolate ou batata frita). Focar a escolha apenas no valor do IG pode resultar numa elevada ingestão de alimentos ricos em gorduras e calorias, mas pobre em vitaminas ou outros nutrientes indispensáveis. Na escolha dos alimentos, para além do IG também é importante considerar o seu conteúdo nutricional.
2. O IG apenas dá informação sobre a qualidade ou tipo de HC ingerido. No entanto, os estudos mostram que o efeito total dos HC na glicemia após as refeições é determinado pela qualidade dos HC, mas também pela quantidade de HC ingeridos (representando o conceito de carga glicémica). Na prática, podemos ter dois alimentos com o mesmo IG, mas se a quantidade de HC ingerida for diferente, o impacto na glicemia também vai ser diferente. Por exemplo, a maçã tem um IG baixo, mas se ingerir 2 maçãs de uma só vez, a quantidade de HC é maior, e o seu impacto na glicemia também (porque a carga glicémica é maior). Por outras palavras, uma vez que o tipo ou a qualidade dos HC tem impacto na glicemia, a utilização do IG é importante, no entanto não deve ser utilizado isoladamente. As doses dos alimentos e a respetiva quantidade de HC ingerida em cada refeição continuam a ser fundamentais para o bom controlo glicémico após as refeições em pessoas com diabetes. E, combinada com a contagem de HC, a utilização do IG pode trazer benefícios adicionais para a redução da hiperglicemia após as refeições.
3. O IG poder ser alterado ou influenciado por vários fatores, entre os quais o tempo de cozedura, a forma como os alimentos são produzidos ou processados (e o país de origem) e pela combinação com outros alimentos na mesma refeição.
Equivalências dos Hidratos de Carbono (HC)
As tabelas seguintes apresentam medidas de alimentos que têm a mesma quantidade de hidratos de carbono (1 porção ou equivalente, que tem cerca de 12 g HC). É útil para quantificar os hidratos de carbono ingeridos em cada refeição e fazer refeições variadas com a mesma quantidade de hidratos de carbono. A quantidade de hidratos de carbono (Número de Porções ou Equivalentes) aconselhada em cada refeição é variável de pessoa para pessoa, de acordo com a idade, o peso e o nível de atividade física, entre outros fatores.
Consulte um Dietista ou Nutricionista especializado em diabetes.